terça-feira, 29 de junho de 2010

Constante (in)constância.

Pronto! Ela se desesperava mas não tinha mais pra onde correr. Tudo nela havia se apaixonado perdidamente. E quando digo perdidamente, era perdidamente mesmo. Pobrezinha, boneca!
Ele? Ah, nem pergunte. Ele era ele. Ele era [quase] ela. Ou não.
Ele era terno e ríspido. Admirável e áspero. Doce e azedo. Teimoso e amável. Metido e apaixonante. Caprichoso e enjoado. O perfeito balanceamento. Ponderação de, permito-me dizer, quase todas as características possíveis a alguém. Tanto que era até capaz de despertar essa dualidade de sentimentos nela. Era sentimento e ao mesmo, desejo. Beijo e bom dia. Carinho, atração. Furacão!
Explicação? Talvez fosse aquele bico dele ou aqueles olhos lindos. É, eram verdes-amarelados num tom que nenhuma aquarela jamais conseguiria alcançar; e ainda, acompanhados de cílios igualmente curvos, compridos, uniformes, invejáveis. Talvez, fosse o sorriso, o cheiro, fosse a voz, o toque.. Ah, talvez fosse a forma de falar aquele idioma que ela continha-se pra dizer o quanto gostava ou fosse até mesmo aquela mania que ele tinha de brincar com o piercing, mesmo sem perceber. Exato! Era ele.
Nomear, explicar, pontuar o que se passava ali era uma tarefa árdua; impossível, eu diria.
Constante inconstância, era isso o que ela vivia. Oscilava entre certos momentos de confiança, empolgação, esperança e outros de pensamentos negativos, sobre estar perdida e sentir-se apenas 'mais uma dentre algumas'. O lado sensato dela era total e perfeitamente capaz de compreender o que se passava, já que o emocional, forçava-se a aprender a lidar com a mais difícil questão: ' - Onde ela tinha pecado? - O que faltava? - O que se havia de fazer?' Porém, a culpa não era dele, muito menos dela. As coisas foram e ninguém poderia ser responsabilizado. Não havia quem tivesse sido enganado, muito menos quem tivesse feito enganar. Enfim, aconteceu!
Ela se via presa e livre, simultaneamente. Achava mesmo que o que lhe faltava era decidir qual dessas realidades adotaria pra si, mas não era dessa forma. Na verdade, arrisco dizer que, ainda assim, ela não se via muito distante daquele lugar de não-ter.