domingo, 2 de agosto de 2015

Sobre nós, laços e fitas.

Queria entender e falar sobre nós, mas me vejo embaraçada aos nós que desatávamos juntos quando os dias ainda amanheciam claros. Aqueles mesmos nós que reatamos ao desfazer-nos de nós. Nós atados e reatados de nós dois. Antes, nós apertados, que feriam a pele, desmanchamos. Nós apertados, que davam segurança, estreitamos. Depois, nós apertados - numa cama ou num poema - que nos amávamos, nos separamos. Queria entender e falar sobre laços, mas me vi presa em meio aos nós que ocuparam seus lugares. Alguns laços, quando se soltam, viram nós e aí perdem a beleza e se tornam só amarras. Assim como nós. Dois. Laços que deixaram de ser suaves e gentis e passaram a ser ríspidos e ásperos. Laços que se tornaram para nós incômodos nós. Dois. Se há mesmo, "pra cada adeus, um nó", eis, então, os nossos: o adeus e o(s) nó(s). Os nós nem sempre deixam de existir mesmo que os adeus sejam imprescindíveis. Os nós, que outrora foram laços, hoje carecem ser fitas. Agora, eu corto a minha, reinauguro, abro com um espaço reformado e dou inicio à nova estação pessoal.

domingo, 17 de agosto de 2014

That wish.

Queria ser dona desse seu mistério. Não sei se para tê-lo em segredo como quem guarda um tesouro a sete chaves e só o admira na solidão do tempo ou se o quero para descobrir o universo desconhecido que há entre essa barba densa e esses lábios controladores. Queria ser dona desse sorriso discreto, de canto de boca, de quem imagina, proibidamente, coisas indizíveis. Queria ser dona não pra dominar mas pra ser seu motivo, seu encanto ou sua admiração. Isto: seu motivo e sua razão. Motivo pra desvirtuar e razão pra fazer sem pensar. Quero ser sua inquietude, sua inconstância, seu desassossego. Motivo pro seu arrepio, razão pro seu querer. Ah, só um pouquinho eu queria..

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Sinceramente, nem sei como cheguei até aqui e como tenho (sobre)vivido. Todo mérito é de Deus que me estendeu a mão e me tem sustentado desde então. A dor não cessou ainda, o choro vem a mim todos os dias desses enormes três meses. O natal se aproxima e ainda não sei descrever o quão difícil tem sido a chegada dele, já que tudo que o envolve me remete a você. Sonhei com o seu sorriso hoje. Foi bom demais lembrar dele lindo como sempre foi. Sonhar com você faz do meu sonho o mais lindo dos sonhos lindos do mundo, mas a parte ruim vem ao acordar: a dor da saudade. Vóvinha, ela não vai embora. Queria você aqui.. seu abraço, suas mensagens, seus telefonemas. Não me canso de querer um segundo. Me enxergo tão longe da acomodação da sua falta. A vida vai prosseguir, como tem sido, mas me parece tão cruel. Aos meus olhos, é tão injusto tudo continuar a viver sem você aqui. Como assim "a vida continua"? Fiquei tão farta de ouvir essa verdade ruim. Ainda consigo sentir a textura da sua pele. Nem o seu telefone eu sou capaz de apagar da agenda do celular. Nem serei. Tudo é infinitamente mais difícil sem o seu afago, sem o seu otimismo, sem a sua alegria e o seu amor pela vida. Às vezes, invade o peito uma dor, sufoca a garganta um nó que impede a respiração. Naturalmente, tenho muitos momentos de distração por meio de várias pessoas que o fazem, algumas conscientemente, outras não. Mas a falta sempre volta. Tento muito ser tudo aquilo que você me ensinou e agradeço por ter feito de mim o que sou. Só não sei viver emocionalmente sem você e, pra ser sincera, eu não sei se quero aprender. Lembro das nossas conversas. De quando você começava a falar sobre a sua "partida" e o quanto eu brigava e ficava chateada tentando evitar o assunto. Você, rindo-se toda, me dizia que a vida era assim e que não seria difícil. Poxa, me enganava. Lembro também de uma fase da minha infância, lá pelos doze anos, quantas noites eu fui dormir ninada pelas lágrimas porque ficava imaginando como seria o dia que não teria mais você. Ah, vóvi, eu sempre soube que aconteceria. Só não esperava agora. Me dói não ter podido retribuir, não o amor, mas o conforto da vida que você sempre me deu. Me dói não ter completado ciclos dos quais você fazia parte com você. A formatura, a independência, a realização pessoal e profissional. Poxa, logo você que contribuiu tanto pra isso, algumas vezes, mais até do que eu. Sinto saudade das suas broncas pelas noites em claro estudando. Até daquela última que você se recusou a dormir e ficou ao meu lado até de manhã porque eu não podia mesmo não estudar. Não adiantou eu brigar, falar, pedir.. Você ficou ao meu ladinho da noite anterior até as seis da manhã. Não estava fazendo nada, mas tinha que ficar ali. Me olhando, vez ou outra, fazendo um carinho pra que aquela noite fosse menos sacrificante. Hoje eu quase não viro noites, mas ainda tenho horários que tem incomodariam muito. Desses mesmo que faziam você vir até mim, lá pra uma da manhã, com aquela frase que eu já conhecia: "ô, nininha, vai dormir, amanha você acorda cedo". Consigo sentir suas cócegas no meu queixo, que eu detestava porque morria de rir. Consigo ouvir seus resmungos, quando eu te chamava de "minha velha", me respondendo "não sou velha, sou senhorinha". E linda, essa era sua maior qualidade. A melhor pessoa que eu já conheci. Sempre feliz e muito, muito, muito disposta a ajudar a qualquer um. Eu que o diga. Quero ser, um dia, metade do ser humano que você foi e é pra mim. A maior e melhor referência da minha vida. Quanta saudade, pretinha.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Constante (in)constância.

Pronto! Ela se desesperava mas não tinha mais pra onde correr. Tudo nela havia se apaixonado perdidamente. E quando digo perdidamente, era perdidamente mesmo. Pobrezinha, boneca!
Ele? Ah, nem pergunte. Ele era ele. Ele era [quase] ela. Ou não.
Ele era terno e ríspido. Admirável e áspero. Doce e azedo. Teimoso e amável. Metido e apaixonante. Caprichoso e enjoado. O perfeito balanceamento. Ponderação de, permito-me dizer, quase todas as características possíveis a alguém. Tanto que era até capaz de despertar essa dualidade de sentimentos nela. Era sentimento e ao mesmo, desejo. Beijo e bom dia. Carinho, atração. Furacão!
Explicação? Talvez fosse aquele bico dele ou aqueles olhos lindos. É, eram verdes-amarelados num tom que nenhuma aquarela jamais conseguiria alcançar; e ainda, acompanhados de cílios igualmente curvos, compridos, uniformes, invejáveis. Talvez, fosse o sorriso, o cheiro, fosse a voz, o toque.. Ah, talvez fosse a forma de falar aquele idioma que ela continha-se pra dizer o quanto gostava ou fosse até mesmo aquela mania que ele tinha de brincar com o piercing, mesmo sem perceber. Exato! Era ele.
Nomear, explicar, pontuar o que se passava ali era uma tarefa árdua; impossível, eu diria.
Constante inconstância, era isso o que ela vivia. Oscilava entre certos momentos de confiança, empolgação, esperança e outros de pensamentos negativos, sobre estar perdida e sentir-se apenas 'mais uma dentre algumas'. O lado sensato dela era total e perfeitamente capaz de compreender o que se passava, já que o emocional, forçava-se a aprender a lidar com a mais difícil questão: ' - Onde ela tinha pecado? - O que faltava? - O que se havia de fazer?' Porém, a culpa não era dele, muito menos dela. As coisas foram e ninguém poderia ser responsabilizado. Não havia quem tivesse sido enganado, muito menos quem tivesse feito enganar. Enfim, aconteceu!
Ela se via presa e livre, simultaneamente. Achava mesmo que o que lhe faltava era decidir qual dessas realidades adotaria pra si, mas não era dessa forma. Na verdade, arrisco dizer que, ainda assim, ela não se via muito distante daquele lugar de não-ter.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O relógio marcava exatamente 19:34h. Horário de verão, céu ainda claro. Eu vim caminhando distraída pela rua e passei a perceber. O céu me parecia especialmente belo. O azul que o coloria era .. sereno, puro. Com um pouco menos de pressa e olhos mais apreciadores, permaneci no mesmo caminho. As poucas nuvens que ali estavam davam àquele lugar um ar tão único. Aparentemente tão sólidas e ao mesmo tão leves. Percebia-se que eram muitas, mas dispostas de uma forma que pudessem parecer apenas uma. Conforme eu andava elas me pareciam mais próximas, mais íntimas, mais minhas. Donas de cores absurdas. Em vários tons de céu e pôr-do-sol.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Eu havia me dado o direito de estar triste. Aquele não havia sido um bom dia, pois eu havia recebido uma visita, não desejada. A da tristeza. Como de costume havia deixado que ela entrasse e diferente dos outros dias, dessa vez, foi ela que me serviu um bom vinho. Dialogamos por um tempo mas tive que mandar que se retirasse, antes que permanecesse tempo suficiente pra se sentir tão à vontade, a ponto de querer ficar, de vez. Embora eu ainda pudesse ouvir trechos de nossa conversa ecoando em minha cabeça, decidi que tinha sido por aquele dia. E no momento seguinte, ele foi capaz me fazer mudar o foco dos meus pensamentos. É ele, aquele mesmo.
- Às vezes eu quero dizer as coisas, mas às vezes não parece o momento. E os que eu tentei criar, você não deixou. Foi exatamente assim que ele falou. O meu corpo gelou, aquilo me doeu. Pode não parecer nada tão absurdo, mas ele falou de mim. Não sabia como me virar. Uma mistura de sensações imediatas dentro do meu peito, atingiu tamanha profundidade, que nem eu achava que fosse possível. Eu demonstrei engolir aquilo, afinal ele estava certo. Mas na verdade, ainda estou a digerir algumas palavras, repensando muita e tanta coisa.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Então, de repente, ela se viu presa; entre a cruz e a espada. Era a hora de tomar uma decisão e não havia mais para onde correr. Ou continuava a viver de forma incerta, ou lhe proporcionava mudanças radicais, com consideráveis possibilidades de êxito. De certo que, até poderia continuar com toda aquela situação que trazia a ela uma distante sensação de ser amada, mas por motivos não tão óbvios assim, ela preferiu arriscar e dar à sua história, um leque a mais de possibilidades.
O que ela vivera até ali, havia lhe condicionado a coisas inimagináveis aos pensamentos de quem a rodeava, mas isso não fazia diferença. Não pra ela! Ela era o que era, porque era; sem discussões e ponto. Agia exatamente de acordo com o coração, embora pudesse se arrepender mais tarde. Porém, não via nenhum problema em voltar atrás e admitir qualquer tipo de erro ou fracasso. Aquele tipo de mulher forte, incisiva.
Entretanto, a situação em que ela se encontrava até ali, não era a que se adequava melhor à uma mulher com aquelas características. Podia sim, parecer cômoda até certo ponto, mas não. Não era justo! Sujeitar-se à boa vontade dos outros por .. amor? Run! Que é isso? Como poderia alguém continuar a viver de tal forma? Depois de tanto tempo, já era hora de dar um basta em tudo aquilo.
Pensou e repensou naquilo durante todo seu trajeto de volta pra casa. Chegou em casa e mais exausta que de costume, depositou sobre a mesa da sala, a bolsa e as chaves do carro. Passou a mão em sua toalha e foi em direção ao banheiro em busca de água quente e .. tranquilidade! Em seu quarto, ainda de roupão e toalha enrolando os cabelos, foi à mais alta de suas prateleiras e tirou dela uma enorme caixa; daquelas bem coloridas. Era tão pesada que mal podia segurar. Pôs sobre a cama e permitiu-se voltar àqueles momentos retratados naquelas fotografias. Os olhos encheram de lágrimas e a cabeça, de questionamentos sem fim. Porque nada era mais como antes? O que ela havia feito? Como poderia ter contribuído tanto pra isso, sem perceber?
E permitiu-se sentir, fragilizar, angustiar, magoar, chorar, doer.
Às 2:43h, perdeu o sono. Virava, mexia de um lado pro outro e nada! Não era a primeira vez que se via às voltas com esse problema. Se provocava tanta dor, tantas dúvidas .. haveria mesmo de ser tudo que se achava que era? Não, achava que não; na verdade, tinha certeza. Mas até então, se via na iminência de surtar, toda vez que se cogitava a possibilidade de abolir aquilo de sua vida, afinal era algo completamente distinto de tudo que vivera até ali. Era, de fato, uma relação muito intensa. Quando tudo corria bem, sentia-se no ápice da felicidade. Como se não houvesse mais pra onde transbordar. Mas se quando algo parecia errado, trazia tamanho mal-estar, de forma quase insuportável, qual a explicação pra tanto?
Sentia-se cada vez mais submissa, vulnerável à um homem que ora mostrava eterno amor, ora parecia nem notá-la. E, para uma mulher tão bem resolvida, tão independente, parecia não ter uma única explicação plausível pra todo aquele sofrimento.
Afinal, pensar na possibilidade de deixá-lo, era como sentir-se acenando um adeus a quase 3 anos de sua vida, que lhe pareciam escorrer pelo ralo.
Então, finalmente, amanheceu. Um dia lindo de sábado, perfeito pra um passeio. Ela, mais que depressa, levantou-se da cama e pôs-se a planejar como faria tudo.
Iria à praia com as amigas logo cedo, almoçaria com os pais, passaria a tarde com os sobrinhos e ao anoitecer faria o que tinha que ser feito. Mas não podia pensar muito.
E assim o fez, chegou em casa, arrumou-se e esperou que ele chegasse. A ansiedade era tanta que pôde ouvir o barulho do elevador, seguido do bater da porta e dos passos pelo corredor, em direção ao seu apartamento. Logo a campainha tocou, e ela foi recebê-lo.
Depois de tanto tempo sem o ver, ela mal podia acreditar, mas não deixou transparecer. Ele sentou-se num sofá e ela, no outro. E, estranhamente até mesmo pra ela, conseguiu fazer o que queria, sendo concisa e sem titubear. Ele tentou questionar, mas ela não permitiu. Desatou a falar sem mesmo pensar em respirar.
Ao término de tudo, ela levantou-se foi em direção a porta como quisesse tirá-lo dali o mais breve possível. Ele, permaneceu sentado por alguns segundos, talvez para recuperar-se do choque; mas logo deu conta da situação. Chegando até ela, foi aproximando-se lentamente de sua boca. Ela, subitamente, já com a mão sobre a maçaneta, desviou-se e dirigiu um olhar de repreensão, sem proferir qualquer palavra que fosse. Ele recuou, percebendo que ela abria a porta e só soube justificar-se, dizendo: - Força do hábito, desculpe!
Ela nada respondeu, e o viu ir embora; embora de sua casa, de seu quarto, de sua cama, de sua vida. Em seu peito, uma miscelânia de sentimentos que nem ela poderia explicar, na verdade, procurou nem pensar!
E mais tarde, na companhia de uns amigos, dançou como nunca. Libertou-se!
Expandiu-se! Sentia-se como ampliasse os horizontes. Percebeu ali, o início de uma nova fase de sua vida; abrindo caminho para novas experiências, novas aventuras, novas pessoas. Poderia ser só euforia mas era, acima de tudo, alívio. E, sentia-se bem, aliás, muito bem!